domingo, 1 de julho de 2012

A melhor equipa ou Glória à consistência!

Como quase sempre me acontece nestas coisas de europeus e mundiais, quem eu queria que ganhasse a final, perdeu-a. Já estou habituado, são umas atrás das outras! Mas como, à excepção do Euro2004, nunca está a minha equipa nacional envolvida, nem posso falar de tristeza. É mais uma sensação de desilusão...que passa depressa.

Tão depressa que, passe a simpatia pelas lágrimas de Bonnuci (o rapaz estava insconsolável), Pirlo e até de Balloteli, dei por mim a pensar nos minutos a seguir ao jogo que quando ganha a equipa mais forte também está bem. E a verdade é que pese o estilo de jogo calculista, muitos vezes mastigado, decalque imperfeito do Barça (falta Messi...logo mais verticalidade, velocidade e fantasia ), esta selecção espanhola é mais forte do que os seus adversários.

Digo mesmo que pelos meus critérios - admito que exigentes neste aspecto - a Espanha é neste momento a única GRANDE EQUIPA do futebol de selecções. E as grandes equipas demoram a ser construídas, vivem de possuirem uma forma de jogar com raízes, quase sempre inspirada e baseada num dado clube formecedor do núcleo duro de jogadores do onze. São equilibradas colectivamente, não vivem só das estrelas, defendem bem, sabem ter a bola, e não se desbaratam perante as dificuldades. Podem ser mais ou menos chatas, mais ou menos excitantes, mas acima de tudo são consistentes e... ganham. Olhando para trás na minha experiência de ver futebol de selecções europeias, foi assim a Alemanha de Rummenige, Alofs, Littbarski. Ou a Itália de Zoff, Tardeli, Scirea, Gentile. Ou ainda a Holanda de Gullit, Van Basten, Rijkaard e a França de Zidane, Blanc, Vieira. E, agora, a Espanha de Casillas, Xavi, Iniesta. Por aqui vêem o que entendo por grandes equipas...

Hoje preferia que tivesse ganho a Itália pós-cattenacio. Mas esta mostrou que que lhe falta (ainda?) consistência. E se calhar essa é a palavra-chave. A consistência que também faltou à Alemanha, apesar da enorme qualidade tantas vezes demonstrada (15 vitórias consecutivas em jogos oficiais antes de perder com a Itália). E não é por acaso que a Alemanha falhou antes em 2006, em 2008, 2010 e 2012, mesmo que tenha sempre encantado nas provas referidas. Talvez em 2014 a experiência entretanto adquirida pelos seus jovens jogadores torne a equipa mais consistente e ganhadora na hora da verdade... Acredito que sim.

Hoje ganhou a consistência. Como quase sempre acontece. E esta Espanha só vai ser ultrapassada quando surgir uma equipa mais consistente ou quando a própria Espanha perder essa qualidade distintiva. Para já, mão à palmatória, glória aos vencedores e esperança aos vencidos.

PS: Falta uma nota final - Portugal terá sido porventura a equipa que melhor emperrou a máquina espanhola, tendo mesmo sido a única a não sofrer golos dos multi-campeões. Mas convém não esquecer que não conseguimos uma única oportunidade de golo clara durante os 120 minutos desse jogo. Poupem-me, por isso, e por tudo, a vitórias morais.

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