sexta-feira, 29 de junho de 2012

O momento de Paulo Bento

Não se trata da velha história das vitórias morais, apenas da mais elementar justiça: Portugal superou as expectativas neste Europeu de Futebol.

Quase todos os portugueses, incluindo eu (admito, sem problemas) não esperavam nada desta selecção e afinal a equipa ficou muito perto da final. E graças a quê?

Ao facto de Portugal ter sido uma equipa forte em termos colectivos, trabalhadora, humilde e forte mentalmente. Cristiano Ronaldo ajudou, claro, mas só em dois jogos e os golos que marcou foram construídos pelos colegas. Foi acima de tudo o grupo que ultrapassou as dificuldades, desde logo o famoso grupo da morte, em que começou, ainda por cima, com uma derrota.

E quem devemos considerar como o principal responsabilizar por isso e consequentemente pelo comportamento mais do que positivo da selecção neste Euro? O treinador, naturalmente. E sabemos que as equipas têm tendência para ser parecidas com os seus treinadores. Portugal foi coeso, humilde, dedicado, lutador. Como Paulo Bento. E isso deve ser reconhecido, realçado, admirado e elogiado.

Desde que chegou à Selecção Paulo Bento alcançou e superou os objectivos propostos. O apuramento para o Euro-2012 estava negro e...chegamos lá, com sofrimento mas chegamos. O grupo na fase final era de morte, a equipa não marcava golos há vários jogos, perdemos a importante primeira partida e,,, fomos até às meias-finais e só saímos nos penaltis.

E digo isto mesmo sem me identificar com Paulo Bento como treinador, Sem contradição com o que disse atrás: admiro a sua seriedade, capacidade de trabalho e rigor, mas não o considero um treinador de nível mundial. E porquê?

Falta na minha opinião brilhantismo, "golpe de asa", uma centelha de genialidade a Paulo Bento. Gosto de treinadores mais flexiveis, mais carismáticos, menos teimosos e cinzentos. Não posso concordar por exemplo que insista até à exaustão em jogar sempre com um ponta-de-lança quando não temos qualquer "9" de qualidade (com todo o respeito pelo seu respeitável trabalho, Postiga e Almeida são, e sempre foram, uns autênticos "monos"). Não faz sentido para mim que leve um jogador como Hugo Viana (que poderia dar qualquer coisa de diferente à equipa), quando considera que ele obriga a equipa a mudar. Para Paulo Bento, mudar é assustador, um imenso desconhecido, e nunca uma solução, mesmo sendo uma necessidade.

Ainda assim, prefiro alguém como o Paulo Bento a outros que falham no mais importante: manter o coesão e equilíbrio do grupo, a disciplina interna, a seriedade. E nas selecções nacionais (ainda mais na nossa) isso é fundamental. Por isso, neste momento, Bento está de parabéns, merece toda a nossa admiração e, claro, manter o lugar e ter nova oportunidade.


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