segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ainda há história para fazer!

O confronto futebolistico entre os rivais ibéricos tem uma história riquissima.

São já mais de 90 anos de jogos vividos com a intensidade resultante da rivalidade histórica entre os dois países vizinhos. A rivalidade histórica, essa, já não é o que era (e ainda bem) mas a futebolística está em alta.

A equipa nacional espanhola está intimamente ligada à história da Seleccção portuguesa, que se estreou em Madrid, a 18 de Dezembro de 1921 (derrota por 3-1). Aliás, os primeiros quatro jogos da equipa das quinas tiveram os espanhóis como adversário, correspondendo a outras tantas derrotas. Algo de perfeitamente normal, se tivermos em conta que Espanha possuia um campeonato de carácter nacional desde 1903, enquanto Portugal até estreou a sua equipa nacional antes de levar a cabo uma prova nacional entre clubes (1922).

Foi preciso esperar 26 anos e 16 encontros para que vencessemos a Espanha. Foi em 1947 que num Jamor apinhado (80.000 espectadores) Portugal matou o borrego espanhol, vencendo por 4-1. Antes disso, já em 1937 Portugal ganhara a uma selecção espanhola, em Vigo, mas a FIFA não reconheceu este encontro, já que a equipa de nuestros hermanos era constituída apenas por falangistas, ou seja, apoiantes de Franco.

A verdade é que até aos anos 1960, a Espanha fez gato-sapato dos portugueses no futebol, vencendo quase sempre e por vezes até de forma contundente, como aconteceu em 1934 no primeiro jogo oficial da selecção portuguesa no apuramento para o Mundial-34. Em Madrid Portugal levou 9-0 e o jogo ficou no anedotório nacional imortalizado pela canção de Beatriz Costa: "E se Portugal trabalha como eu quero/ desta vez não falha/ nove a zero..."

A história repetiu-se com os 5-1 no apuramento para o Mundial do Brasil (1950) e reproduziu uma espécie de trauma nacional dos jogos com Espanha, apenas compensado com as vitórias no Hoquei em Patins.

A partir da década de 1960 as coisas mudaram bastante. Primeiro porque diminui muito o número de jogos realizados com os nossos vizinhos. Segundo porque, desde 1958, em doze encontros disputados Portugal apenas perdeu dois: em 2003, num amigável jogado em Guimarães, e em 2010, nos oitavos-de-final do Mundial da África do Sul, que consagrou os espanhois como campeões do Mundo.

No entanto, em tantos anos de confrontos foram apenas três os encontros oficiais em fases finais de grandes competições. E, incrivelmente, o saldo é... nulo, até nos golos: 1-1 no Euro-84 (em França), 1-0 no Euro-2004 (em Portugal) e o tal 0-1 do Mundial-2010. Registe-se que os jogos do Europeu de França e do Mundial africano foram os únicos realizado em campo neutro entre as duas selecções em mais 90 anos de história de confrontos.

Para compensar (um pouco, pelo menos) esta última derrota amarga, temos os 4-0 aplicados aos campeões do Mundo num jogo particular, em Lisboa, ainda em 2010.

Uma história com muita história e imensas estórias, que se vai renovar já amanhã, na Ucrânia, novamente com os ibéricos sob os holofotes do futebol mundial. La Roja até pode ser a favorita (basta dizer que se for campeã europeia novamente, bate um recorde notável: conquistar três grandes provas internacionais consecutivas) mas isso não costuma ser negativo para as equipas nacionais portuguesas.

Acredito que para vencer este jogo os portugueses vão ter que desejar mais a vitória do que os adversários. Querer muito ganhar, mesmo muito, para poder explorar um eventual (nem que seja mínimo) menor desejo de vencer dos já muito titulados espanhóis.

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